quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Top 6 dos livros de 2013

Esse ano consegui ler bastante, e descobri autores novos e pude explorar os trabalhos menos conhecidos de autores famosos, então decidi fazer essa lista com alguns dos meus favoritos; caso você não saiba o que ler em 2014, aí vão algumas dicas.



No Reino de Glome (C. S. Lewis)


O título original é “Till We Have Faces” (até que tenhamos rostos), e é muito mais sugestivo e interessante do que o que escolheram para o Brasil, mas quem o fez deve ter lá seus motivos. O livro é um dos últimos de Lewis e um de seus mais maduros; se trata de uma versão bastante pessoal do mito de Cupido e Psique, que, apesar de poder ser bem melhor aproveitado por quem conhece as ideias teológicas e estéticas de Lewis, pode ser lido por qualquer um: é uma leitura bem acessível para o leitor mediano, mas com profundidade suficiente para quem quiser se aprofundar nos diversos temas abordados. 

Lugares santos são lugares sombrios. São a vida e a força, e não a sabedoria e as palavras, que obtemos neles. Conhecimento Sagrado não é claro e suave como a água, mas espesso e escuro como sangue.




O Mestre e Margarida (Mikhail Bulgakov)


Esse livro é dificílimo de explicar. São vários gêneros e estilos misturados, gerando um número enorme de reações. É um romance que vira conto de fadas que vira história de terror que vira sei-lá-o-que, e deixa uma sensação de se ter lido dez livros em um. A história se passa na Rússia comunista, com ocasião de uma visita do Diabo, que decide levar toda uma trupe ao país, então ateísta. É em parte um retrato da época, e da angústia do autor em viver em tal ambiente, mas sem se limitar a crítica política. 

“Você não é Dostoievsky,” disse a mulher a Koroviev.
“Como você sabe?”
“Dostoievsky está morto,” disse a mulher, embora com pouca confiança.
“Eu protesto!” exclamou Behemot animadamente. “Dostoievsky é imortal!”



O Silêncio (Shusako Endo)


O que me levou ao livro foi a notícia de que Martin Scorsese o estava adaptando ao cinema, e que esse era um dos livros favoritos dele. A história acontece no Japão do século XVII, quando o Cristianismo foi proibido no país; no contexto a Igreja envia secretamente alguns padres para a ilha, para tentar encontrar cristãos que o continuam sendo em segredo, para poder orientá-los e realizar os sacramentos necessários. 
O livro é interessante para quem se interessa por História, mas especialmente para cristãos que nunca conheceram a realidade da perseguição, que foi muito comum fora da Europa (aliás, continua sendo). Uma pergunta que ficou comigo por bastante tempo e resultou desse livro, foi: “É necessária uma concepção exata da natureza de Deus para se alcançar realmente a Divindade?”.


O pecado, ele refletiu, não é o que normalmente se pensa que ele seja; não é roubar e contar mentiras. Pecado é um homem andar brutalmente sobre a vida de outro e continuar completamente alheio às feridas que ele deixou para trás.




A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao (Junot Díaz)


Não sei como foi a publicação em Português, mas o livro em Inglês é repleto de vocabulário em Espanhol, o que não deve ser tão difícil para falantes do Português, mas deve ser um grande desafio para os americanos; ainda assim, o livro é praticamente considerado um clássico e ganhou o Pulitzer.  
O livro narra a história de Oscar Wao e sua família, desde a tragédia resultante do governo atroz do ditador Rafael Leónidas Trujillo, e do Fukku (maldição) que parece se prender à família do pobre Oscar não importando para onde eles vão. Oscar em si é apenas um jovem dominicano tentando viver nos EUA; mas ele é um dominicano diferente: extremante obeso, tímido, fascinado por fantasia e ficção científica, e que sonha em ser o J. R. R. Tolkien dominicano. A premissa parece não ser grande, mas a narrativa, extremamente carismática e bem feita, e o enredo fantástico ajudaram esse livro a se tornar rapidamente um dos meus favoritos. 

Ela era o tipo de garota que Deus te dá quando você é jovem, para que você sofra a perda pelo resto da sua vida.




Homeland (R. A. Salvatore)


Esse deve ser o livro mais nerd da lista. Para ser sincero, eu acho o R. A. Salvatore um mal escritos: os livros dele são previsíveis, lineares cheios de clichês e sem nada de especial, seja no estilo ou na estrutura da obra, que os torne dignos de leitura. Mas esse aqui é diferente. Talvez seja devido ao cenário incrível da cidade de Menzoberranzan, ou pela gama de personagens interessantes que ele conseguiu criar, ou porque dessa vez ele conseguiu escrever uma história com uma profundidade impressionante. Talvez seja tudo isso e mais um pouco, só sei que eu chorei com o livro e isso não é comum. 
Trata-se da história do elfo negro (drow) Drizzt, no início de sua história, a partir do seu nascimento na Underdark e a lenta compreensão que ele não era igual aos outros de sua raça. O livro tem momentos de sufocamento, dor, sofrimento, paranoia, e pequenas flores aqui e ali que servem para dar esperança ao jovem elfo. Mesmo que você não goste desse tipo de livro, vale à pena. 

Posição Social é o pradoxo do meu povo, a limitação do noso poder dentro da fome pelo poder. Ela é alcançada através da traição e convida a traição contra aqueles que a alcançam. Os mais poderosos em Menzoberranzan passam seus dias olhando por sobre os ombros, se defendendo contra os punhais que poderiam vir contra suas costas. Suas mortes geralmente vem pela frente.




Rant (Chuck Palahniuk)


Esse eu li no começo do ano. Palahniuk é um autor bem irregular: alguns livros, como esse e o Clube da Luta, são ótimos; outros, como O Sobrevivente, são derivativos e sem nada de especial. Esse aqui é o autor (na minha opinião) no seu melhor momento. 
A história é confusa, e se passa em um futuro pouco distante no qual a população foi dividida entre day-timers e night-timers, de modo que nas grandes cidades o toque de recolher impede que eles se encontrem. Nesse mundo é contada a história de Buster “Rant” Casey, de forma bastante irregular que lembra um documentário, mas cortado em pedaços, misturado em uma caixa, e depois jogado para o alto. A forma de narrativa incomum força o leitor a prestar atenção do que está acontecendo, e tentar ligar as pontas soltas dos vários mistérios que vão surgindo. Storytelling de primeira! E a imaginação de Chuck para o futuro parece ser assustadoramente possível.

Tente imaginar o momento em que seu pai e sua mãe te viram como outra coisa além de uma versão fofa e pequenina deles mesmos. Você como eles, mas melhorado. Mais educado. Inocente. Agora tente imaginar quando você parou de ser o sonho deles.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ernest Hemingway and his cat


Ernest Hemingway, despite his manly bravado, had a soft spot for cats. By 1945, he had amassed 23 of them. His niece writes in the foreword to Hemingway’s Cats: An Illustrated Biography that the author and his fourth wife, Mary, called the cats “purr factories” and “love sponges. On February 22, 1953, one of Hemingway’s cats, Uncle Willie, was hit by a car. Following the accident, Hemingway sent his close friend Gianfranco Ivancich the following distraught and stirring letter, originally featured here last year:

    Dear Gianfranco:


    Just after I finished writing you and was putting the letter in the envelope Mary came down from the Torre and said, ‘Something terrible has happened to Willie.’ I went out and found Willie with both his right legs broken: one at the hip, the other below the knee. A car must have run over him or somebody hit him with a club. He had come all the way home on the two feet of one side. It was a multiple compound fracture with much dirt in the wound and fragments protruding. But he purred and seemed sure that I could fix it.


    I had René get a bowl of milk for him and René held him and caressed him and Willie was drinking the milk while I shot him through the head. I don’t think he could have suffered and the nerves had been crushed so his legs had not begun to really hurt. Monstruo wished to shoot him for me, but I could not delegate the responsibility or leave a chance of Will knowing anybody was killing him…


    Have had to shoot people but never anyone I knew and loved for eleven years. Nor anyone that purred with two broken legs.


domingo, 3 de março de 2013

The wait

Hands that lust and groins that rust,
Years go by without a must.
Wrinkles come to wreath the one
Whose eyes look up
To days to come.

A man to wait for his own fate,
That is to come on unknown date,
And awhile to dream of her
When the night is dark,
When the moon is gone,

As others feast in flesh,
Bodies, souls, warm and fresh.
Is that not a kind of death?
Is it not a hope for life?
Or is it not?

 The Meeting on Turret Stairs, by Frederick William Burton

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Shameful Death (William Morris)



There were four of us about that bed;  
  The mass-priest knelt at the side,      
I and his mother stood at the head,      
  Over his feet lay the bride;    
We were quite sure that he was dead,         
  Though his eyes were open wide.      

He did not die in the night,       
  He did not die in the day,      
But in the morning twilight       
  His spirit pass’d away,                  
When neither sun nor moon was bright,           
  And the trees were merely gray.        

He was not slain with the sword,         
  Knight’s axe, or the knightly spear,   
Yet spoke he never a word             
  After he came in here;           
I cut away the cord     
  From the neck of my brother dear.    

He did not strike one blow,     
  For the recreants came behind,                 
In a place where the hornbeams grow,
  A path right hard to find,       
For the hornbeam boughs swing so     
  That the twilight makes it blind.         

They lighted a great torch then;        
  when his arms were pinion’d fast,      
Sir John the knight of the Fen, 
  Sir Guy of the Dolorous Blast,          
With knights threescore and ten,         
  Hung brave Lord Hugh at last.                  

I am threescore and ten,          
  And my hair is all turn’d gray,
But I met Sir John of the Fen   
  Long ago on a summer day,  
And am glad to think of the moment when               
  I took his life away.   

I am threescore and ten,          
  And my strength is mostly past,         
But long ago I and my men,     
  When the sky was overcast,          
And the smoke roll’d over the reeds of the fen,           
  Slew Guy of the Dolorous Blast.       

And now, knights all of you,    
I pray you pray for Sir Hugh,  
A good knight and a true,                
And for Alice, his wife, pray too.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Song: I love the Jocund dance (William Blake)

I LOVE the jocund dance,
    The softly-breathing song,
Where innocent eyes do glance
    And where lisps the maiden’s tongue.

I love the laughing vale,
    I love the echoing hill,
    Where mirth does never fail,
    And the jolly swain laughs his fill.

I love the pleasant cot,
    I love the innocent bower,
Where white and brown is our lot
    Or fruit in the mid-day hour.

I love the oaken seat,
    Beneath the oaken tree,
Where all the old villagers meet,
    And laugh our sports to see.

I love our neighbours all,
    But, Kitty, I better love thee
And love them I ever shall,
    But thou art all to me.

William Blake