segunda-feira, 12 de março de 2012

Leviathan, de Scott Westerfeld

 

Europa, 1914. O Arquiduque Francisco Ferdinando é assassinado em Sarajevo. Esse é, como sabemos pelas aulas de história, o estopim da Primeira Grande Guerra. Assim o é também em Leviathan (2009), de Scott Westerfeld, primeiro livro de uma trilogia que também inclui Behemoth (2010) e Goliath (2011).

Príncipe Aleksandar, filho de Ferdinando, tem que fugir no meio da noite acompanhado apenas de quatro de seus súditos. Órfão, sem lar e se descobrindo peça central de uma guerra que ele não entende, o mundo parece não poder piorar para o rapaz. Enquanto isso, na Inglaterra, Derwyn Spark se disfarça de menino para poder entrar na Aeronáutica; consegue, e numa sequência de coincidências, acaba por embarcar no Leviathan do título, também sendo arrastada para a guerra que se inicia.

O mundo de Leviathan guarda muitas semelhanças com o nosso, com os países divididos entre os Aliados (Inglaterra, França e Rússia) e os Impérios Centrais (Alemanha, Império Austro-Húngaro e Império Otomano). Mas aí também surgem as diferenças, que tornam a história interessante: o mundo se divide entre Clankers e Darwinistas. Os Clankers, que equivaleriam aos Impérios Centrais, usam máquinas e robôs sofisticados, enquanto os Darwinistas utilizam animais geneticamente modificados, às vezes combinados com equipamentos mecânicos. Desse modo temos o grande Leviathan do título, um verdadeiro ecossistema que se concentra na forma de uma baleia movida a hidrogênio. Absurdo? Nem tanto: o livro fornece explicações para tudo que surge, desde as aberrações Darwinistas até os gigantescos tanques aracnídeos dos Clankers.

Derwyn pilotando um Huxley Darwinista e S.M. Bewulf alemão

O livro é um claro best-seller: o autor se utiliza de todos os truques existentes para prender a tenção do leitor. Quem está acostumado com o estilo não se surpreende uma única vez, e pode se sentir incomodado pelos abundantes clichês. A obra é para adolescentes, mas isso não é desculpa. Esses problemas, no entanto, não fazem o livro perder seu charme steampunk, e a história se seguraria mesmo que o autor não estivesse tão interessado em prender o público: o livro tem seus méritos, talvez o maior deles sendo a temática bem elaborada em torno da história da Primeira Guerra, combinando elementos ao mesmo tempo antiquados e futurísticos, num caldeirão mais de possibilidades que de acontecimentos reais. Quem sabe o livro não leve alguns dos seus jovens leitores a se interessar por História? Além disso, Leviathan conta ainda com as incríveis ilustrações de Keith Thompson, que ajudam a dar cor e forma ao mundo de Westerfeld.

Alek e seu Stormwalker