sexta-feira, 8 de outubro de 2010

1822 (resenha)


 É maravilhoso descobrir, muito depois de abandonar os bancos escolares, a história da Independência do Brasil e do Primeiro Império. As personalidades vivas de D. Pedro I, José Bonifácio, Imperatriz Maria Leopoldina e de Thomas Cochrane, tão bem delineadas no livro, ajudam a dar cor e vida aos acontecimentos do século XIX dos dois lados do Atlântico. É impressionante o quão rico e interessante o país era e quão significativas foram as ações de tantos homens e mulheres durante esse período conturbado, repleto das dores do parto da Independência brasileira, que só foi alcançada, como sugere o título do livro, por um milagre (ainda que banhado em sangue, regado a ouro e abençoado por acordos e trocas de favores).

Além disso, o livro é uma ferramenta de descoberta dos ranços e avanços de um Brasil que carrega os mesmos problemas desde os tempos de colônia: povo pobre e ignorante, uma elite quase tão ignorante e repleta de vícios e falhas de caráter, desigualdades sociais, concentração de renda, intrigas tanto domésticas como em âmbito internacional, violência bárbara, impostos absurdos, dívida externa... A lista vai longe, mas a obra demonstra algo que infelizmente não temos hoje: O país nas mãos de um grupo de pessoas com amor patriótico e sincero desejo de tornar o Brasil uma nação maior e melhor.

Do mesmo autor de 1808 (que narra a fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, em fuga do exército de Napoleão), o livro consegue não apenas ser informativo como também extremamente divertido, e o segredo, creio, está em colocar no centro do palco das mudanças as pessoas que coroaram a história brasileira com suas idéias e ações.

 
Laurentino Gomes, o autor