Conheci o livro através da coleção de Literatura Íbero-Americana da Folha (aliás, muito boa). A coleção oferece ao leitor brasileiro uma segunda-leitura de escritores consagrados da Península Ibérica e da América Latina, como Saramago e García Marquez. Tia Julia e o Escrevinhador, de Mario Vargas Llosa, foi o terceiro da coleção e, até agora, o que mais me agradou. O autor é peruano, tem 76 e recentemente recebeu o Nobel.
O livro tem ares auto-biográficos, narrando a história do próprio autor (Varguitas, na casa dos 18 anos) estudando e trabalhando na cidade de Lima enquanto alimenta pretensões literárias. Eis que surgem os personagens secundários que roubam a cena: Tia Julia, divorciada balazaquiana que encantará Varguitas, e Pedro Camacho, o tal do escrevinhador, excêntrico autor de novelas boliviano contratado pela rádio onde trabalha o autor.
A estrutura do livro é coisa de gênio: entre cada capítulo referente à história propriamente dita temos capítulos das novelas de Camacho. Esses capítulos terminam sempre no clímax, como contos interminados, e se ligam de forma magistral à história, explicando detalhes ou adiantando o que virá.
Além disso, o humor é de primeira, sem ser literário demais, mas carregado de sutilezas. A escrita de Vargas Llosa, ao menos nesse livro, é bastante fluída, o que leva o leitor a devorar páginas e mais páginas, em busca dos acontecimentos (foi preciso da minha parte um pouco de disciplina para ler com calma, analisando os recursos que o autor utiliza).
Esse livro, que mistura realidade e ficção, é um grande presente para a Literatura, ainda pequena mas cada vez maior, de Língua Portuguêsa/Hispânica (as considero irmãs) e uma compra com garantia de satisfação.
O Autor
P.S.: Existe um filme sobre o livro, com Keanu Reeves. Não vi, mas o IMDB dá nota 6. Deve valer à pena pela curiosidade.
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