Daí a inquietação que eles despertam naqueles que, por qualquer motivo, desejam nos manter totalmente presos ao conflito imediato. Talvez seja por isso que as pessoas usem tão prontamente a acusação de "fuga". Eu nunca entendi isso completamente até que meu amigo, o professor Tolkien, fez-me a pergunta muito simples: "Que classe de homens você esperaria estar mais preocupada com e hostil à idéia de fuga?" A resposta era óbvia: carcereiros.
domingo, 26 de abril de 2020
quarta-feira, 2 de janeiro de 2019
Os livros de 2018
Neste ano que se encerrou consegui a façanha de ler 33 livros. Nada mal. Teriam sido pelo menos 40, não tivesse eu descoberto o vício chamado Team Fortress 2, mas não tenho do que reclamar. Li muita coisa boa, mas o que mais apreciei foram as releituras. Sem muito a dizer, aqui vão os meus preferidos de 2018, sem ordem definida. Quem me dera poder indicar 10, mas a seara esse ano foi fraca, tendo eu que me contentar em ler muita literatura brasileira por causa do trabalho. Não que literatura brasileira seja ruim, mas o que há de bom não costuma ser devidamente valorizado pela nossa intelligentsia atrofiada e corrupta.
domingo, 18 de fevereiro de 2018
The Little Book of Hygge (resenha)
"Hygge" (pronuncia-se
"ruga", ou quase isso) é um conceito dinamarquês de difícil tradução,
mas que se relaciona a conforto, segurança, e o hedonismo epicúreo dos prazeres
da vida simples na companhia dos bons amigos. Embora isso possa ser alcançado
em qualquer lugar do mundo, os dinamarqueses elevam a ideia ao nível de arte e
estilo de vida, o que inclui seus fetiches específicos (velas e iluminação
leve, livros, cores amenas, janelas e lareiras, etc.). Hygge é, segundo o
autor, um dos motivos de os dinamarqueses serem considerados, ano após ano, as
pessoas mais felizes do mundo.
O livro, que é de fato pequeno (mas muito bonito) explica passo a passo o que é Hygge e como recriá-lo fora da
Dinamarca. Apesar das instruções claras, o brasileiro encontrará grandes
dificuldades: quase tudo foi pensado para o clima frio e escuro da
Escandinávia, e é impossível no Brasil. Quem aqui no verão (ou mesmo no
inverno!) colocaria meias e um suéter, sentando-se ao lado de uma lareira vendo
a neve cair pela janela de seu Hyggekrog? O conceito foi pensado para amenizar
o clima de frio quase constante da Escandinávia, mas o nosso problema é outro:
o calor extremo. Por isso fica a sugestão: tente traduzir a
ideia para a sucursal do inferno que é o verão brasileiro.
Outra dificuldade do livro é
financeira: os dinamarqueses recebem bons salários, e mesmo os desempregados
tem o estado do bem-estar social para ampará-los, de modo que o Hygge se torna
alcançável para eles: quase como feng-shui existe toda uma combinação de
fatores, arquitetônicos e decorativos, pensados para maximizar o Hygge. Embora
o autor dê boas sugestões de como alcançar o Hygge com pouco dinheiro, e
inclusive afirme que o fator monetário é irrelevante, duvido que o resultado
seja realmente tão agradável quanto o esperado. Pode-se dizer que Hygge é,
essencialmente, uma coisa da classe média, que é grande nos países nórdicos,
mas cada vez menor no Brasil.
Apesar dos problemas fica a
sugestão de um bom livro com ótimas ideias. As fotos em especial são muito bonitas,
de modo que este é um ótimo coffee table book para se folhear de vez em quando
e buscar ideias bacanas para tornar nossas vidas mais agradáveis.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Carta aos jovens sobre a utilidade da literatura pagã (Resenha)
Não conhecia são Basílio, então este pequeno livro foi uma baita descoberta. Ele foi um defensor infatigável da ortodoxia cristã, em especial contra os arianos, e um professor amado por todos, e que continua nos ensinando através dos séculos.
A edição primorosa da Ecclesiae de bolso contém uma boa introdução, com vários textos (incluindo dois do papa emérito) e, além da excelente carta de orientação aos jovens quanto à litertaura pagã, ainda duas homilias: uma sobre o desapego às coisas terrenas e outra sobre a humildade, sendo que ambas as homilias estão intimamente ligadas ao conteúdo da carta, servindo de complemento e expansão a alguns temas que ele aborda, na carta, apenas de passagem.
"O que Atenas tem a ver com Jerusalém?", questão proposta por Tertuliano ainda nos primeiros anos da Igreja cristã, é na carta respondida pelo santo, que mostra que a leitura dos clássicos gregos e latinos, desde que realizada com discernimento, pode ser uma grande ferramenta para o crescimento espiritual do cristão e da Igreja.
A edição primorosa da Ecclesiae de bolso contém uma boa introdução, com vários textos (incluindo dois do papa emérito) e, além da excelente carta de orientação aos jovens quanto à litertaura pagã, ainda duas homilias: uma sobre o desapego às coisas terrenas e outra sobre a humildade, sendo que ambas as homilias estão intimamente ligadas ao conteúdo da carta, servindo de complemento e expansão a alguns temas que ele aborda, na carta, apenas de passagem.
"O que Atenas tem a ver com Jerusalém?", questão proposta por Tertuliano ainda nos primeiros anos da Igreja cristã, é na carta respondida pelo santo, que mostra que a leitura dos clássicos gregos e latinos, desde que realizada com discernimento, pode ser uma grande ferramenta para o crescimento espiritual do cristão e da Igreja.
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